A Marinha do Brasil deu um passo estratégico rumo à ampliação de sua capacidade de atuação marítima ao firmar, durante a LAAD Defence & Security 2025, um acordo de intenções com a Marinha Real Britânica para a aquisição de dois navios docas multipropósitos da classe “Albion”: o HMS Albion e o HMS Bulwark. A medida ocorre em um momento crucial, dias após a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhecer oficialmente a ampliação da plataforma continental brasileira na Margem Equatorial, o que garante ao país o direito de explorar uma área marítima adicional de aproximadamente 360 mil km² — equivalente ao território da Alemanha.
Reforço naval diante de uma nova fronteira marítima
Com essa ampliação, o Brasil consolida seu domínio sobre uma região estratégica no Atlântico Norte, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, além das 200 milhas náuticas da atual Zona Econômica Exclusiva (ZEE). A nova área inclui potencial para exploração de petróleo, gás natural, metais raros, além de oportunidades em pesquisa científica e conservação ambiental.
Diante desse novo cenário, a aquisição dos navios da classe Albion torna-se ainda mais relevante. Essas embarcações são projetadas para múltiplas finalidades: desde operações de projeção de poder e desembarque anfíbio até missões de apoio à Defesa Civil, ações humanitárias e resposta a desastres naturais, como as enchentes que atingiram São Sebastião (SP) em 2023 e o Rio Grande do Sul em 2024.
Capacidade estratégica e tradição naval
A escolha pelos navios britânicos também reforça a sólida parceria histórica entre Brasil e Reino Unido, que celebra 200 anos de relações diplomáticas em 2025. Segundo o Diretor-Geral do Material da Marinha, Almirante de Esquadra Edgar Luiz Siqueira Barbosa, a experiência com embarcações britânicas anteriores contribuiu para a confiança na qualidade e capacidade operacional da frota do Reino Unido.
“A aquisição fortalece a presença do Brasil em alto-mar, amplia nossa autonomia estratégica e nos prepara para proteger nossos interesses em uma área marítima que agora é reconhecidamente nossa”, destacou o almirante.
Potencial econômico, ambiental e de soberania
A nova área submarina representa mais do que uma conquista diplomática — ela é uma fronteira econômica e geopolítica para o Brasil. Segundo o vice-almirante Marco Antônio Linhares Soares, Diretor de Hidrografia e Navegação da Marinha, a expansão abre possibilidades para a exploração sustentável de recursos e o fortalecimento da presença militar em defesa das riquezas naturais.
Com a soma do acordo naval e a nova extensão marítima reconhecida pela ONU, o país reposiciona-se como potência marítima regional e avança em direção à consolidação de sua soberania sobre o Atlântico Sul, preparando-se para os desafios e oportunidades do século XXI.
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