Uma força-tarefa composta por diversas entidades governamentais realizou um resgate impactante em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, onde 163 trabalhadores chineses estavam submetidos a condições análogas à escravidão. A ação ocorreu no canteiro de obras da planta industrial da montadora chinesa BYD e culminou na interdição de alojamentos e áreas críticas do empreendimento.
Condições alarmantes de trabalho e alojamento
Os trabalhadores resgatados estavam alocados em ambientes insalubres, caracterizados pela falta de higiene e infraestrutura mínima. Alojamentos com banheiros insuficientes, camas sem colchões e cozinhas improvisadas com alimentos armazenados próximo a materiais de construção figuram entre os problemas detectados. A precariedade se estendia ao canteiro de obras, onde banheiros químicos em estado deplorável, exposição prolongada ao sol sem proteção adequada e acidentes de trabalho demonstravam graves violações de normas de segurança.
Retenção de salários e passaportes agrava exploração
Além das condições degradantes, a força-tarefa identificou práticas de trabalho forçado, como retenção de passaportes, caução de valores e pagamento de salários incompletos em moeda chinesa, onde eles só recebiam 40% do seu salário, o restante era retido pela empresa terceirizada. Essas práticas limitavam drasticamente a liberdade dos operários, impossibilitando-os de rescindir seus contratos sem sofrer prejuízo financeiro total.
Medidas adotadas e próximos passos
Como resposta imediata, os operários foram levados para alojamentos provisórios e hotéis, enquanto os alojamentos e áreas interditadas permanecerão embargados até regularização.
Os órgãos que participaram da operação — incluindo o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal (PF) — continuarão investigando e inspecionando o caso. A expectativa é garantir condições dignas aos trabalhadores e responsabilizar os envolvidos.
Na próxima quinta-feira (26), deve acontecer uma audiência virtual conjunta, liderada pelo Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego, com a BYD e sua empreiteira, Jinjiang Group, para discutir adequações urgentes e ações de reparação por parte da montadora e da construtora, para a regularização geral da situação.
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