Um levantamento realizado pelo jornal O Globo, através da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelou que o Brasil acumulou uma perda de R$ 1,75 bilhão devido a vacinas inutilizadas nos últimos dois anos. Esse montante representa o maior prejuízo registrado com vacinas desde o segundo mandato de Lula, quando o país desperdiçou R$ 1,96 bilhão em doses descartadas.
Para dimensionar o prejuízo, o valor desperdiçado seria suficiente para a aquisição de 6 mil ambulâncias no padrão utilizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou de 101 milhões de canetas de insulina – um insumo que apresentou escassez nos postos de saúde do país durante o primeiro semestre deste ano.
O ano de 2023 concentrou a maioria das vacinas descartadas, com 39,8 milhões de doses inutilizadas, totalizando um prejuízo de R$ 1,17 bilhão. Em 2024, até o momento, mais 18,8 milhões de doses foram perdidas, somando R$ 560,6 milhões. A atual gestão apresentou um índice alarmante de desperdício: proporcionalmente, foram descartadas mais vacinas do que aplicadas.
No total, foram descartadas cerca de 58 milhões de ampolas, muitas das quais continham múltiplas doses. Enquanto 217 milhões de doses foram aplicadas desde o início do ano passado, aproximadamente 385 milhões foram descartadas, o que representa um aumento de 176% no descarte.
Em resposta, o Ministério da Saúde justificou o desperdício como resultado de estoques acumulados pela gestão anterior e do impacto de campanhas de desinformação, que teriam minado a confiança da população na segurança e eficácia dos imunizantes. No entanto, até o momento, a pasta não apresentou evidências que comprovem essa explicação.
Por André Guterres - foto: Valter Campezato - Agência Brasil
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