DPU processa União para assegurar pagamento de benefício de famílias unipessoais no RS





Famílias compostas por uma pessoa tiveram Auxílio Reconstrução retidos pelo governo. Audiência de conciliação será em 28 de novembro


A Defensoria Pública da União (DPU) entrou com uma ação coletiva contra a União, a Caixa Econômica Federal e a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) por não fornecerem o benefício do Auxílio Reconstrução para famílias unipessoais que moram no Rio Grande do Sul e foram atingidas pelas enchentes de maio deste ano.

As famílias unipessoais são aquelas compostas por apenas um membro, inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais, o CadÚnico. Estima-se que o governo federal ainda não pagou 170 mil pedidos para pessoas que moram sozinhas.

“Vou dar um exemplo que a gente atendeu: duas pessoas que moram no mesmo lugar, uma vizinha da outra. As duas têm a casa inundada, uma recebeu Auxílio Reconstrução e a outra não. Uma recebeu porque é casada e tem filhos e moram todos juntos. A outra, que mora ao lado, não recebeu porque é viúva e mora sozinha. É isso que está acontecendo”, explicou o autor da ação, o defensor regional de direitos humanos no Rio Grande do Sul, Daniel Cogoy.

O Auxílio Reconstrução dado pelo governo federal garante pagamento de R$ 5,1 mil a atingidos pelas enchentes. Dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta que uma a cada cinco famílias no estado gaúcho são compostas por apenas uma pessoa.

O governo argumenta que os pedidos estão categorizados como “em pendência” por suspeita de fraude, entretanto, a regulamentação do benefício se assenta no princípio da boa-fé e confiança, adotando-se o critério da autodeclaração para comprovar a composição familiar. Na ação, a DPU argumenta que o governo não está seguindo o critério que ele próprio estabeleceu para o programa.

“Entramos com uma ação coletiva para obrigar o governo a pagar esses benefícios, a não ser que tenha alguma suspeita de fraude, mas, aí, o governo é que tem que provar”, resume Cogoy. Além da obrigação de fazer, a DPU pede antecipação de tutela para ordenar o imediato cadastramento, com multa de R$ 10 mil para cada caso de omissão.

Foi marcada audiência de conciliação para 28 de novembro.

Bolsa Família

Esta não é a primeira vez que o governo federal suspende benefícios para pessoas que moram sozinhas no Rio Grande do Sul. Este junho deste ano, a DPU entrou com ação para pedir que o governo passasse a autorizar a concessão do Bolsa Família a unidades familiares com apenas um membro. O processo resultou em um acordo com a União, que flexibilizou as regras para o grupo.

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