Câmara de Gravataí celebra o dia da Consciência Negra






Pelo primeiro ano, a data foi instituída como feriado nacional, por meio da aprovação no Congresso e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva


Texto: Tiago Cechinel


Na tarde desta terça-feira, 19, durante a sessão ordinária, a Câmara Municipal de Gravataí celebrou o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Para marcar a data, a Câmara convidou duas mulheres comprometidas com a luta pelos direitos dos afro-brasileiros: a Ialorixá e poeta Letícia Nascimento, e a Pastora Tatiana da Cruz Bandeira. Embora representem religiões diferentes, ambas compartilham o mesmo objetivo: a luta pelo fim do racismo e pela valorização do povo negro.

O presidente da Câmara, vereador Alex Peixe, iniciou a celebração convidando os vereadores e os presentes no plenário José Mariano Garcia Mota para assistirem ao vídeo produzido pela TV Globo, intitulado "Ninguém Nasce Racista. Continue Criança", que emocionou os espectadores ao ilustrar as diversas formas de racismo por meio de palavras.

Em sua fala, o vereador Alex Peixe destacou a importância daquele momento para o Poder Legislativo, ressaltando o privilégio de receber no plenário uma Ialorixá e uma Pastora unidas pela causa do fim do racismo, além de enaltecer a relevância da valorização do povo afro-brasileiro.

“Ver, neste plenário, duas mulheres negras, de religiões distintas, mas com o mesmo objetivo de combater o racismo, me emocionou profundamente. Espero que, em um futuro próximo, a Casa Legislativa tenha mais cadeiras representadas por afrodescendentes”, afirmou o presidente da Câmara de Vereadores.

Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é um feriado nacional instituído pela Lei Federal nº 14.759/2023, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A data de 20 de novembro foi escolhida por marcar a morte do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi dos Palmares, em 1695. Os quilombos eram comunidades formadas por negros escravizados que buscavam escapar da tirania da escravidão. O Quilombo dos Palmares foi o maior e mais duradouro entre todos os quilombos registrados pelos estudos historiográficos. Estima-se que sua formação tenha durado cerca de 100 anos e que tenha abrigado cerca de 20 mil pessoas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, atualmente no estado de Alagoas.

Para a Ialorixá e poeta Letícia Nascimento, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra deveria também ser considerado o Dia da Consciência Humana, pois a escravidão imposta ao povo negro no Brasil foi uma das formas mais desumanas de violência.

“É uma honra estar aqui, na Câmara de Vereadores, para compartilhar um pouco sobre minha religião e minhas vivências. Agradeço ao vereador Alex Peixe por abrir as portas da Casa para que possamos expressar nossa luta. No dia 20 de novembro, além de celebrarmos a Consciência Negra, devemos também refletir sobre o Dia da Consciência Humana, pois o que o povo negro sofreu durante a escravidão no Brasil foi, sem dúvida, desumano”, destacou a Ialorixá.

A Pastora Tatiana da Cruz reforçou a importância de lembrar a memória de Zumbi dos Palmares e sua luta pela liberdade do povo afro-brasileiro durante o período da escravidão, além de lembrar a missão de Cristo, que morreu pela liberdade de toda a humanidade.

“No dia 20 de novembro, comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra em memória a Zumbi dos Palmares, que lutou pelo fim da escravidão do povo afro-brasileiro. Mas também quero expressar minha imensa gratidão a Cristo, que conquistou na cruz do Calvário a nossa liberdade. Ele não morreu por uma causa apenas, mas por toda a humanidade. Que possamos valorizar e celebrar a liberdade conquistada por Ele todos os dias”, explicou a pastora.

Teresa Azambuya, doutora em Letras e Literaturas Africanas, convidada pelo presidente da Câmara para representar os servidores da Casa Legislativa, enfatizou a importância de refletir permanentemente sobre a luta contra o racismo e afirmou que essa luta não é apenas da população afro-brasileira, mas de toda a sociedade.

“O espaço concedido pelo presidente para falarmos sobre o Dia da Consciência Negra foi de extrema relevância, pois essa é uma causa que deve ser sempre motivo de reflexão. As falas da Ialorixá Letícia e da Pastora Tatiana foram de grande importância, pois trouxeram as vivências das próprias pessoas negras, que são as vozes mais autênticas para uma data como esta. Percebemos o quão cruel é a discriminação e o preconceito, e discutimos a importância da liberdade. De minha parte, procurei compartilhar um pouco do meu conhecimento como doutora em Literaturas Africanas, posicionando-me como uma pessoa branca que adere à luta antirracista. Essa é uma luta de todos nós, enquanto sociedade”, concluiu a representante dos servidores da Câmara de Vereadores.

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