Aluna de judô da associação Pais e Amor vence competição estadual






Em sua primeira competição, a menina de seis anos se destacou em campeonato realizado em Santa Maria

O esporte tem grande importância na vida das crianças. Quando elas apresentam algum transtorno, como é o caso do autismo, fazer algum tipo de atividade física traz melhora na autoestima, desenvolve a comunicação; aumenta a capacidade motora; incentiva o brincar e o lúdico; estimula a independência; e melhora a cognição, entre outros benefícios. Por isso, desde março de 2024, a Associação de Pais e Amigos dos Autistas - Pais e Amor de Cachoeirinha desenvolve o projeto Multiesportivo, uma chamada pública da Secretaria Estadual do Esporte e Lazer para o financiamento do Todos no Jogo, projeto voltados às pessoas com deficiência intelectual.

Na sede da entidade, através da iniciativa, são realizadas atividades gratuitas aos beneficiários de judô, jiu-jítsu, circuito esportivo e ritmos. E foi de uma das oficinas realizada na Pais e Amor que saiu a campeã sub-7 do 24º Campeonato Estadual de Judô, que ocorreu no último domingo, 13 de outubro, em Santa Maria/RS.

Isabella Gonçalves Hends, tem 6 anos e é autista nível 1 de suporte. Depois do diagnóstico, em setembro de 2023, a família encontrou na Pais e Amor o apoio que precisava. "A Isabella era extremamente tímida, não falava com as pessoas. Depois que iniciou com as atividades esportivas como judô e o circuito, ela se soltou, ficou mais confiante. Agora ela tem amigos, inclusive um melhor amigo no judô e outro no circuito", conta a mãe Taís Gonçalves.

A competição

O campeonato reuniu 370 atletas do Rio Grande do Sul, além de equipes convidadas de Santa Catarina e Paraná. Além de Isabella, outros 17 atletas de Cachoeirinha participaram da competição. A menina era a única autista. Praticando o esporte há 6 meses, ela vem se destacando nas aulas. "Nós praticamos o judô lúdico que é transformar as técnicas do esporte em brincadeiras no tatame e ela desenvolveu muito, por isso convidamos para ir à competição", conta Cassiano Azeredo, o sensei, professor de judô da menina.

Além das aulas na Pais e Amor, Cassiano forma atletas no projeto social Judocas do Futuro, na Vila da Paz em Cachoeirinha. A Isabella pratica o esporte nos dois locais. "Normalmente as competições são divididas por categorias e, em caso de crianças autistas, elas lutam entre si. Mas a Isabella era a única autista e foi a campeã lutando com meninas da sua idade. Para mim não foi surpresa ela vencer porque desde que começou vem se destacando", salienta.

Os pais, ao contrário, se surpreenderam. "Quando o sensei convidou a Isabella para fazer aulas no Judocas do Futuro, fiquei receosa por serem crianças típicas, mas ele me disse que teria crianças típicas e atípicas também. Para minha surpresa, a Isabella foi super bem recebida pelos colegas e se sentiu superconfortável com a turma do projeto. Quando surgiu a oportunidade de irmos ao campeonato em Santa Maria ela ficou super empolgada e ansiosa. Ela é muito focada e se preparou para a luta. Quando entrou no tatame ficamos super ansiosos pois nós, como pais, temos vontade de proteger os filhos, ainda mais sendo autista, mas ela encarou super bem esse desafio, foi acolhida pelos colegas", conta a mãe.

O momento da competição foi marcante, não só para a mãe, como o pai Alexsander Hends da Silva e o irmão Charles Junior Gonçalves Flores. "Em uma luta, a menina que era da categoria dela desistiu. Então a Isabella foi colocada para lutar com uma menina mais graduada que ela, e não conseguiu se sair tão bem. Ela chorou. Eu fiquei com o coração apertado em vê-la chorando, mas em seguida já vi uma cena que me encheu de alegria, uma coleguinha de turma a abraçou e ela se acalmou na hora. Depois a menina que havia desistido, resolveu lutar e a Isabella ganhou dela. Mesmo sendo o primeiro campeonato ela já teve essa vitória maravilhosa, eu estava a preparando para a possibilidade de não ficar em primeiro lugar, mas tivemos essa linda surpresa", completou a mãe.

Para o sensei, o esporte muda a vida das crianças. "A prática ajuda na concentração, a perder a timidez, ocorre a inclusão porque eles convivem com outras crianças, auxilia a compartilhar conhecimento, desenvolve a responsabilidade. Eu recomendo que as crianças busquem sempre pelo esporte", finaliza.

Por Diléa Fronza - foto: divulgação

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