A passagem nossa pela vida corporal é necessária para podermos, por meio de uma ação material, cumprirmos os desígnios que Deus outorga, cumprindo-se a Sua Lei.
Sendo soberanamente justo, Deus tem de distribuir tudo igualmente para todos os seus filhos. Assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder.
Mas, a encarnação, para todos, é apenas um estado transitório. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõe menos penosamente os degraus da evolução espiritual, pois nós como espíritos encarnados temos esta vida relacionada com vidas anteriores. Os que, ao contrário, usam mal do livre arbítrio que Deus lhes concede retardam a sua evolução e retornam ao plano espiritual com problemas, que irão resolver em vidas futuras, e isso é interpretado por nós como castigo.
O escolar não chega aos estudos superiores da ciência senão após haver percorrido a série das classes que até lá o conduzirão. Essas classes, independentemente do trabalho que exijam, são um meio de o estudante alcançar o fim e não um castigo que se lhe inflige. Se ele é esforçado, abrevia o caminho, no qual, então, menos espinhos encontra. Outro tanto não sucede àquele a quem a negligência e a preguiça obrigam a passar duplamente por certas classes. Não é o trabalho da classe que constitui a punição; esta se acha na obrigação de recomeçar o mesmo trabalho.
Assim acontece com o homem na Terra. Para o Espírito do selvagem que está apenas no início da vida espiritual, a encarnação é um meio de ele desenvolver a sua inteligência; contudo, para o homem esclarecido, em quem o senso moral se acha largamente desenvolvido e é obrigado a percorrer de novo as etapas de uma vida corpórea cheia de angústias, quando já poderia ter chegado ao fim, é um castigo, pela necessidade em que se vê de prolongar sua permanência em mundos inferiores e desgraçados, como a Terra, por exemplo, onde ainda predomina o mal.
A encarnação, aliás, precisa ter um fim útil, e cabe a nós aproveitarmos.
Por Nilton Moreira
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