Cachoeirinha: 57 anos de uma história especial

Cachoeirinha está de aniversário nesta segunda-feira (15), comemorando seus 57 anos de emancipação.

Por André Guterres - publicado em 15/05/2023 - 07h34

Com informações PMC

Nesta data tão importante, é impossível não se encantar pela trajetória dessa cidade que se tornou um coração pulsante na região metropolitana de Porto Alegre.

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Tudo começou em 1966, quando, após a aprovação da Lei Municipal nº 5090/65, Cachoeirinha finalmente conquistou sua independência de Gravataí. Essa data, 15 de maio, ficou marcada como o dia oficial de comemoração da emancipação.

Estrategicamente situada a apenas 17 km do centro de Porto Alegre, Cachoeirinha despontou como um importante polo logístico, além de se destacar nas áreas industrial, comercial e cultural. Podemos dizer que ela é o verdadeiro coração da grande Porto Alegre.

O nome "Cachoeirinha" teve origem em uma pequena queda d'água que existia próximo à ponte do rio Gravataí, impedindo a navegação em épocas de estiagem. No entanto, em 1928, o governo estadual decidiu dinamitar a rocha que formava a queda d'água para facilitar a navegação entre os municípios da região.

Com uma área de 44 km², Cachoeirinha pertencia, no passado, ao comendador João Baptista Soares da Silveira e Souza, e cujo nome batiza uma avenida importante da cidade. Apesar disso, muitos cachoeirinhenses a conhecem como a "Rua dos Bancos".

A busca pela emancipação foi uma luta persistente da população. Durante os anos 1950 e 1960, houve várias tentativas frustradas, até que, em 1965, um movimento emancipatório teve sucesso graças à representatividade política do distrito de Cachoeirinha. Três vereadores e o vice-prefeito de Gravataí eram residentes da cidade, e o Padre Geremias apoiou amplamente a reivindicação. Anos mais tarde, o primeiro hospital da cidade foi nomeado em sua homenagem, curiosamente batizado erroneamente de Jeremias.

Um exemplo notável é a empresa Ritter Alimentos, fundada em 1919 com o nome de Conservas Ritter por Frederico Augusto Ritter, sendo a primeira empresa da cidade e a mais antiga, e está localizada na avenida que leva o nome de seu fundador. Com uma preocupação constante com a qualidade, a Ritter produzia conservas salgadas, doces e geleias, conquistando diversos prêmios ao longo de sua história. Além da Ritter, a economia de Cachoeirinha era baseada na agricultura, com destaque para a produção leiteira. A cidade chegou a ser conhecida como a "Cidade do Leite". 

A década de 1970 trouxe um novo impulso econômico para Cachoeirinha com a instalação de um distrito industrial, que atraiu migrantes de diferentes regiões. A fábrica da Souza Cruz, inaugurada em 1999 e responsável pela produção de cigarros, a mais importante da empresa na América Latina, que abrigou também abrigou seu parque gráfico, transferido do Rio de Janeiro. A empresa acabou saindo da cidade em 2016 devido às restrições a venda do cigarro e a alta carga tributária imposta ao produto, sem contar a concorrência desleal dos cigarros contrabandeados do Paraguai e a sua quase inexistente fiscalização de venda, que ocorre até hoje. Mais de 30% da arrecadação de impostos da cidade era oriunda da Souza Cruz, com sua saída, a cidade enfrentou e ainda enfrenta sérios problemas financeiros.

Nos últimos anos, Cachoeirinha viu um crescimento significativo com a explosão de loteamentos residenciais populares, de classe média e alta. Essa expansão trouxe consigo um aumento considerável no fluxo de veículos, demandando maior atenção para a infraestrutura viária. Infelizmente, muitos desses loteamentos foram autorizados sem as contrapartidas necessárias, como escolas, creches e postos de saúde, o que sobrecarrega os serviços públicos. Agora a atual gestão, que assumiu após a eleição suplementar de outubro de 2022, tem a difícil tarefa de encontrar soluções para essas demandas, que são legítimas heranças malditas para qualquer gestor.

No entanto, uma das características mais admiráveis de Cachoeirinha é o espírito solidário de sua população. O engajamento da comunidade em ações do Rotary, de entidades e de congregações religiosas é notável. Em tempos difíceis, como os que vivemos atualmente, esse senso de solidariedade se torna ainda mais evidente.

Cachoeirinha tem seus desafios e áreas a serem melhoradas, mas é inegável o amor que a maioria dos seus habitantes sente por essa cidade especial. Ela tem uma identidade única, que mistura elementos de cidade do interior com o desenvolvimento de uma área metropolitana.

Neste dia de celebração, desejamos um feliz aniversário a Cachoeirinha! Que sua história continue a ser escrita com crescimento, prosperidade e união entre seus moradores. Que o futuro reserve ainda mais motivos para se orgulhar dessa cidade que encanta seus habitantes e visitantes.

Parabéns, Cachoeirinha!